segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Assistindo filmes gratuitamente

Repensar a Economia vai muito além de discutir questões puramente econômicas, já que esta ciência é construída por outros campos do conhecimento, e também está presente no saber popular. Pensando nisso é que abrimos espaço no nosso blog para divulgar uma ferramenta da Internet bem interessante, que é o Rede Filmes Online, com o objetivo de tornar a rede mundial de computadores um espaço mais democrático e social!!

O RFO, é um site que possibilita assistir filmes gratuitamente pela Internet, incluindo os lançamentos! É claro que existem outras formas para fazermos isso, usando, por exemplo, as ferramentas de download. Mas nesse caso não é necessário baixar o filme, você pode assistir diretamente do site!!

Como nem tudo é festa, quando chega aos 70 minutos o filme é bloqueado.. Entretanto o site oferece um tutorial para resolver essa limitação!! Segue então o link do site e do tutorial para "burlar o sistema"!


Aproveitando vamos indicar um filme bem interessante, que apresenta uma boa reflexão sobre a nossa sociedade.
"O preço do amanhã"

http://www.redefilmesonline.net/2011/11/o-preco-do-amanha-2011-filme-online.html

sábado, 24 de dezembro de 2011

Bastidores da primeira parte das aventuras de Amável Sarango

Obs: Antes de partirmos para a próxima aventura de Amável Sarango, iremos esclarecer as dúvidas  que alguns leitores nos enviaram.


Para compreendermos a primeira parte das aventuras de Sarango, que como muitos já devem ter percebido é uma parábola da crise econômica que atingiu a economia americana a partir de 2008, precisamos entender um pouco melhor de um instrumento financeiro conhecido como DERIVATIVO.

Partindo para um conceito técnico emitido pelo Ministério da Fazendo, os derivativos “são ativos financeiros que derivam, integral ou parcialmente, do valor de outro ativo financeiro ou mercadoria”. Entretanto essas definições são sempre complicadas para os leitores que ainda não estão familiarizados com o linguajar da economia. Para facilitar o entendimento sobre o comportamento dos derivativos dentro da economia e qual a sua participação na crise que teve início em 2008 iremos utilizar “As aventuras de Amável Sarango” como referência.

Quando na estória Amável decidiu anotar as dívidas em um caderno, ele estava transformando riqueza real, que eram as dívidas, em riqueza fictícia, cadernos. Em outras palavras, os bloquinhos eram um derivado, ou derivativo, das dívidas em bebida que as pessoas faziam no bar Sossegado. Os preços dos cadernos eram calculados a partir das dívidas que eles representavam, o que possibilitou que várias transações fossem feitas com aqueles papéis.

No mundo real existem vários tipos de derivativos (swap, de opção, futuros, a termo), mas não é o objetivo deste texto discutir cada um deles. O importante a perceber é que este tipo de ativo financeiro serve para proteger o valor de um determinado bem, de possíveis mudanças na economia que possam fazer variar o preço de um produto. Para simplificar vamos utilizar um exemplo.

Digamos que um produtor de mangas decida vendê-las para o exterior. Ao olhar o valor da manga em dólar ele descobre que a mesma custa US$ 1 dólar, a pergunta é, será que vale a pena produzir mais mangas para vender no estrangeiro? Inicialmente tudo irá depender da relação dólar/real. Se US$ 1 estiver valendo R$4, e o produtor gasta R$ 2 para produzir e vender uma manga, ele irá pensar que vale a pena, já que ele lucra R$ 2 por cada manga vendida. Entretanto a sua decisão não dependerá apenas disso, pois o tempo que ele gastará para produzir o seu produto pode acontecer que esta relação, dólar/real de 1 para 4, mude. Caso isso ocorra, ele poderá ter prejuízos se o dólar passar a custar menos de R$ 2. Para se proteger destas mudanças ele se utiliza dos derivativos.

1º Se o nosso produtor deseja produzir 1000 mangas, ele terá uma receita de US$ 1000, que convertido em reais dará R$ 4000 (US$ 1 = R$ 4).

2º Como seu custo de produzir estas mangas é de R$ 2 por unidade, ele espera ter R$ 2000 de lucro.

3º Para se proteger de possíveis variações no valor do dólar, o nosso produtor emite papéis (derivativos, já que eles derivam das mangas que ele quer produzir) no valor de US$ 1000, preço das suas mangas, para serem vendidos no sistema financeiro (pois existe um mercado de derivativos). Dessa forma, antes mesmo das mangas estarem nascidas, ele já pode lucrar com elas.

4º Quem comprar esses papéis poderá lucrar de diversas formas, uma delas é esperando uma variação na relação dólar/real, que caso ocorra fará com que ele lucre sem ter produzido nenhuma riqueza, por exemplo, se o dólar passar a valer R$ 5. Ou então, ele poderá lucrar especulando, que é o tema para uma próxima postagem!!


Espero que tenha conseguido esclarecer as dúvidas que me foram enviadas!!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

As aventuras de Amável Sarango - Parte I

Em uma terra não tão distante e nem tão pouco perto, o pequeno vilarejo de Entre Folhas vivia perdida no tempo, era como se o deus Chronos se esquecesse de conduzir a rotação dos céus e do universo por aquelas bandas. O lugar se resumia a uma praça, um pequeno comércio ao redor da praça e algumas centenas de casinhas. O vilarejo se estendia até o rio de Arabites, que havia sido batizado com este nome, por causa do fundador do vilarejo o senhor Arranjo Reticinio Anfinio Balurde de Ingreto do Espírito Santo, o nome do rio fora dado com as iniciais do seu nome.

Uma das poucas diversões do lugar era o bar Sossegado do senhor Alfredo Prazeroso, um lugar simples, como tudo que se via por ali, mas que era a única forma dos habitantes de Entre Folhas fugirem da monotonia que parecia forçar a vida a caminhar na direção do passado. Seu Prazeroso não admitia vender nenhuma cachaça ou bebida qualquer, sem receber o seu devido pagamento, era mesquinho e desconfiava da sua própria sombra, mas depois que adoeceu e seu filho Amável Sarango assumiu o negócio, o bar passou a vender “fiado” os seus produtos, isto é, sem receber o pagamento no momento da venda, mas isso só era feito para os clientes mais antigos e respeitados, e toda a vendagem era anotada em um bloquinho chamado “Clientes Antigos.”

Aproveitando o ocorrido ao senhor Prazeroso, os amigos de Sarango passaram a freqüentar o lugar, e aproveitavam a ausência dele para se embrigarem a hora e o momento que quisessem mesmo que estivessem sem dinheiro, tendo as suas dívidas anotadas em outro caderno colocado com o nome de “Amigos de Amável”. O bar passou a ser freqüentado por muitas pessoas que se passavam por amigos de Sarango ou por clientes antigos, apenas para poderem comprar sem ter que pagar de imediato. Sossegado agora vivia sempre movimentado e os negócios cresceram tornando o bar conhecido por toda a região.

Certo dia, pensando em ampliar ainda mais o bar Sossegado, Amável Sarango foi até a marcenaria do senhor Anatalino com o objetivo de encomendar algumas mesas e cadeiras. Por ser grande amigo do velho e mesquinho Alfredo Prazeroso, ele aceitou postergar o pagamento, mas exigiu de Sarango alguma coisa que garantisse o pagamento, segundo ele era apenas para ter o controle. Foi então que Sarango se lembrou dos cadernos que ele utilizava para anotar os devedores e que neste tempo haviam se multiplicado, já havia os cadernos dos “Amigos do Padre”, “Trabalhadores da Mina”, “Mulheres do Bananal”, e dezenas de outros. Como meio de comprar o que precisava ele teve a ideia de utilizar alguns dos cadernos como promessa de pagamento, já que o valor era capaz de cobrir aquela dívida e ainda sobrava, diferença esta que seria utilizada na negociação como remuneração pelo ato de confiança do senhor Anatalino.

Certo dia seu Anatalino pensou em utilizar aqueles cadernos que havia recebido de pagamento do bar Sossegado, para pagar a remessa de madeira que ele iria receber e assim o fez, prometendo que assim que recebesse o pagamento quitaria o seu débito. A madeireira por sua vez utilizou os cadernos para pagar os seus funcionários, e assim os cadernos com a anotação das dívidas do bar Sossegado alcançaram o mundo e viajaram até os lugares mais distantes. Outros comerciantes passaram a fazer o mesmo e quando recebiam os cadernos de Sarango misturavam com os seus cadernos, mas utilizando-os como se fossem referentes apenas ao Sossegado, já que o bar neste tempo já havia se tornado conhecido nacionalmente e até mesmo em outros países. O vilarejo de Entre Folhas ia se tornando famosa e o bar Sossegado seu principal ponto turístico.

Amável Sarango dirigia os negócios com muita eficiência e as coisas iam prosperando. Quando não recebia alguns dos pagamentos dos cadernos não tinha problema, já que aqueles que pagavam cobriam a dívida dos outros, entretanto alguns acontecimentos muito estranhos passaram a acontecer no vilarejo de Entre Folhas que acabou por mudar radicalmente a sua situação. A mina que havia dado emprego durante mais de dois séculos foi fechada, com isso o caderno dos “Trabalhadores da Mina” não seriam pagos. Além disso, haviam os cadernos chamados de “Caloteiros” que tinham as dívidas de forasteiros, desempregados, entre outras pessoas não tão confiáveis. Com a falta de pagamentos dos cadernos, Amável Sarango não teve como cobrir as dívidas que ele havia feito. A crise enfrentada pelo bar Sossegado acabou atingindo outros comércios que haviam recebido como pagamento os cadernos, e se estendeu até outros países.

O mundo entrou em um colapso ainda maior, tudo porque em meio à falta de pagamento dos cadernos o senhor Alfredo Prazeroso melhorou da sua doença e vendo o tamanho da dívida que seu filho havia feito mandou fechar o bar dizendo: “se ninguém me paga, eu também não pagarei ninguém”.